Qui, 06 de outubro de 2022, 11:20

Projeto usa a dança para trazer benefícios a pacientes com Parkinson
Intenção é melhorar funções motoras e emocionais

Conhecida por ser uma doença neurológica degenerativa, a doença de Parkinson dificulta a realização de atividades funcionais como sentar, levantar e caminhar, além de aumentar a instabilidade postural e o índice de quedas. Para tentar reduzir os impactos desta patologia, um projeto de extensão na Universidade Federal de Sergipe (UFS) está auxiliando por meio da dança pessoas acometidas pela doença. De acordo com a professora Josimari de Santana, do Departamento de Fisioterapia, o projeto ParkinSoDance surgiu antes mesmo da pandemia, e agora foi reativado para prestar assistência a esses pacientes.


Fotos: Adilson Andrade
Fotos: Adilson Andrade

“Tudo iniciou como um projeto de pesquisa que envolvia alunos de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFS e alunos de iniciação científica do curso de fisioterapia. Coletando dados advindos desse projeto, vimos a necessidade de ampliá-lo como extensão. Então, hoje a gente consegue unir a graduação e a pós-graduação nas atividades de pesquisa, da iniciação científica até o doutorado, coletando dados para mostrar a validade, a eficácia terapêutica da dança como recurso de assistência em saúde e extrapolando essa atuação até a extensão, na qual prestamos assistência fisioterapêutica efetivamente, estendendo o conhecimento dos nossos alunos e cumprindo o papel social que é a reinserção desses pacientes tidos como pacientes que tem deficiência física”, detalha a professora.

Josimari explica que dentro do escopo do projeto de pesquisa existe um momento inicial de avaliação, no qual são feitos vários exames relacionados à função motora, emocional e cognitiva. “Temos que verificar como está a atenção, a memória, a função cardiovascular. É feita uma avaliação em três dias, com vários exames, tudo gratuitamente, pelo laboratório da universidade. Logo em seguida os pacientes iniciam o processo de dois atendimentos por semana durante um período de três meses, quando são reavaliados, passando por toda a bateria de exames novamente para verificar quais foram as modificações”, informa.


Professora Josimari de Santana, do Departamento de Fisioterapia da UFS.
Professora Josimari de Santana, do Departamento de Fisioterapia da UFS.

Ela diz que atualmente os pacientes estão sendo recrutados por meio de divulgações em rádios, redes sociais, principalmente pelo Instagram do Laboratório de Pesquisa em Neurociências (@lapene.ufs), ou mesmo pelo Departamento de Fisioterapia da UFS, que também é aberto à sociedade para outros tipos de atendimento.

“A intenção é melhorar funções motoras, funções emocionais, aumentar a autoestima, o bem-estar, a qualidade de vida, com uma atividade mais completa, que envolve movimento de corpo por meio da música, do ritmo corporal”, reforça.


Beatriz Menezes e o senhor Mário Lúcio do Espírito Santo, um dos pacientes atendidos.
Beatriz Menezes e o senhor Mário Lúcio do Espírito Santo, um dos pacientes atendidos.

Participação ativa

A doutoranda Beatriz Menezes, que participa ativamente do projeto, ressalta que, além dos benefícios da dança como um todo, foi importante regionalizar o tipo de dança, trazendo elementos do forró. “Começamos o grupo com a intenção de fazer avaliações, reavaliações e ver um protocolo de dança, porque tem muitos artigos publicados sobre algumas danças, mas tem muitas heterogeneidades, muitos trazem sobre outros tipos de dança, por exemplo o tango, mas tem estudos já trazendo os benefícios de uma dança que seja conhecida, que seja regional. Por exemplo, o tango, não temos essa cultura aqui. Então a gente optou por fazer a escolha do forró, que é algo tradicional na nossa região. Pensamos, de acordo com a literatura, em trazer essa abordagem do forró para pessoas com Parkinson e ver tanto a parte física da marcha, do equilíbrio, da rotação deles, como também as variáveis fisiológicas, quando a gente está avaliando atividades cerebrais deles”, informa a doutoranda.

“Dentro do nosso protocolo estamos levando o grupo para apresentações em público, porque muito mais do que a parte física, a gente tem a abordagem do emocional, do psicossocial. Trabalhamos a mobilização, a dissociação de cintura, o equilíbrio, a marcha, associando movimentos de coordenação motora, de membro superior, membro inferior e assim a gente leva os movimentos para uma coreografia, deixando mais lúdico e levando também para a ritmicidade, a agilidade, a habilidade dos movimentos, enfim, do corpo todo”, complementa.


Forro

Benefícios

Um dos pacientes atendidos é o senhor Mário Lúcio do Espírito Santo, contador e ex-professor do ensino superior. “Em 1998 fui diagnosticado com o Parkinson, o que me deixou bastante vulnerável em várias profissões, mas tive a oportunidade de encontrar esse projeto, que só veio para trazer melhorias. Sou testemunha de quanto melhorou a minha marcha, meus movimentos. A autoestima também foi elevada em função desse trabalho feito aqui. Só tenho a parabenizar a universidade, as professoras e todos os que fazem parte do grupo. Soube do projeto por uma prima que está se formando em fisioterapia, ela me inscreveu, eu vim meio desconfiado, mas hoje vejo que só me trouxe benefícios”, relata Mário.

“É muito importante para todos nós que temos uma patologia dessa, porque não tem cura, mas tem controle”, conclui. A parte relacionada a atividades de dança do projeto acontece às terças e quintas-feiras, das 9h às 11h, no Ginásio de Dança, localizado no Departamento de Educação Física.

Ascom


Atualizado em: Sex, 07 de outubro de 2022, 17:33
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